sexta-feira, 19 de julho de 2013

O capataz de Salema



Capataz:

Luzia, dos teus cabelos
Farei o vento da noite
Farei as ondas serenas
De um mar por onde me afoite
Em busca da luz polar;
De tuas graças morenas
Luzia, porque a ventura
A mim queres negar?

Luzia:

Não sei, de muito não sei,
A força nunca terei
De me vencer e sonhar...

Capataz:

Teus olhos são mensageiros
Teus olhos são esperança
São de encontros marinheiros
São ternuras de água mansa...
Olhos de areia movente
Entre a duna e a tarde quente
Entre ressaca e bonança
Sobre vastos oceanos sobre morro azul e nuvem
Teus olhos são soberanos.

Luzia:

Meu sono não tem sementes
- Sem fruto no despertar –
Meus olhos que floresceram
Sem sonhos irão murchar.

Capataz:

Às seis da tarde é que nasce
A lua cheia, Luzia
Às seis os sinos começam
Seus toques de Ave Maria
Foi às seis horas da tarde
Seis horas daquele dia
Que tive a revelação:
Te vi, segui-te e perdi-me
Perdi-me em teu coração...



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