Bem
como as flores em botão fechadas
À
espera da alva, que lhes venha abrir
No
peito, mágoas a doer caladas
Pedem
um raio para as expandir
Fita-e,
eu quero do martírio santo
Que
o céu me outorga, oferecer-te a palma
Deixa
em teus olhos depurar minh’alma.
Desde
que, ao ver-te, ajoelhei-me absorto
E
à hora extrema o coração bateu
Meu
pensamento, qual um raio morto
Caiu-te
aos pés e nunca mais se ergueu
Quis
perguntar-te: porque me feriste?
Fitei-te
os olhos e tremi de medo
Tive
receio de morrer tão cedo,
Tendo
o desgosto de viver tão triste.
Tu,
que sorrindo, minha fronte abrasas
Porque
não deixas que te possa amar?
Eu
dispensara do meu anjo as asas
Bastara
um anjo para nos guardar
Forma
visível de minha alma errante
Que
o meu penoso coração dedilhar
Oh
minha estrela, que de longe brilha
Nada
te importa que eu soluce ou cante.
Para
em teu seio penetrar a furto
E
haurir o orvalho da pureza em flor
Longo...
infinito... o pensamento é curto
Curto
os vôos do meu casto amor
Quantas
e quantas, já lá vão perdidas
Lágrimas
d’alma, que se quebra em ânsias
Pude,
nos sonhos, aspirar fragrâncias
E
achei as rosas de manhã caídas.
Ah!
Deste amor, o ansiar dorido
Cubra,
sufoque do mistério o véu
Gênio
dos anjos, se te amei perdido
Não
rias, ouve: o direi no céu
Fita-me;
eu quero, acrisolado e santo,
Do
meu tormento oferecer-te a palma
Deixa
em teus olhos depurar minh’alma
E
em teus cabelos enxugar meu pranto.