“Ai Adriano...”. Esse suspiro é
porque o rapaz levantou para ir ao quadro negro. Seus olhos são tão bonitos,
têm um brilho que eu ia dizer que parece com o sol.
Mas o Adriano tem os olhos verdes e,
imagine, sol verde é meio esquisito. 7x5=45. Todos começaram a rir, menos eu.
Como foi Adriano quem escreveu, eu nem percebi o erro. Aquele número quatro era
tão bonitinho... até os números do Adriano são bonitos. A professora o mandou sentar. Ele
voltou para o seu lugar e ficou de cabeça baixa um tempão. Eu senti que ele
estava triste e fiquei triste também. Aí, arranquei um pedacinho da folha do
caderno e escrevi:
“Não liga não, Adriano. O 45 que você escreveu é tão lindo
quanto os seus olhos”.
Ele leu o bilhete e depois o guardou, sem olhar para
mim. De repente, me lembrei de uma coisa terrível: não tinha colocado o meu
nome no papel. E se ele achasse que era outra garota da sala que gostava dele,
e por causa do bilhete sem nome fosse falar com ela no recreio? Então a professora me chamou também,
e eu só pensava naquela confusão, imaginando o Adriano apaixonado por outra.
8x5=36. Toda a sala começou a rir, menos o Adriano, e eu olhei no quadro e
entendi o porquê. Eu errei também, mas já ia refazer a conta, só que a
professora me mandou sentar. Cheguei na minha carteira e vi uma bolinha de
papel em cima do meu caderno. Abri e nele dizia:
“Eu também me amarrei no seu 36”. No
cantinho do papel estava escrito: “Adriano”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário