Antes de
sair a pastar, a cabra, fechando a porta, disse ao cabritinho:
- Cuidado, meu filho. O mundo anda cheio de perigos. Não abra a porta a ninguém antes de pedir a senha.
- E qual á a senha, mamãe?
- A senha é: “Para os quintos do inferno o lobo e toda a sua raça maldita”.
Decorou o cabritinho aquelas palavras e a cabra lá se foi, sossegada da vida. Mas o lobo, que rondava por ali e ouvira a conversa, aproximou-se e bateu. E disfarçando a voz repetiu a senha. O cabritinho correu a abrir, mas ao pôr a mão no ferrolho desconfiou. E pediu:
- Mostre-me a pata branca, faça o favor...
Pata branca era coisa que o lobo não tinha, e, portanto, não podia mostrar. E assim, de focinho comprido, desapontadíssimo, o lobo não teve remédio senão ir-se embora como veio – Isto é, de papo vazio. Desse modo salvou-se o cabritinho porque teve a boa idéia de confiar, desconfiando.
(Monteiro Lobato)
Nenhum comentário:
Postar um comentário