Quando
longe de ti eu vegeto
Nestas
horas de largos instantes
O
ponteiro, que passa os quadrantes
Marca
séculos, se esquece de andar
Fita
o céu – é uma nave sem lâmpada
Fito
a terra – é uma várzea sem flores
O
universo é um desastre de dores
A
madona não brilha no altar.
Então
lembro os momentos passados
Então
lembro tuas frases queridas
Como
o infante que as pedras luzidas
Uma
a uma desfia na mão
Como
a virgem, que as jóias de noiva
Conta
alegre a sorrir de alegria
Conto
os risos, que me deste um dia
Que
rolaram no meu coração.
Me
recordo o lugar onde estavas
O
rugir de teu lindo vestido
Como
as asas de um anjo caído
Quando
roçam nas flores do Val
Vejo
ainda os teus olhos quebrados
Este
olhar de tão fúlgidos raios
Este
olhar que me mata em desmaios
Doce,
terno, amoroso, fatal...
Tuas
frases são garças que voam
É
meu peito – o seu cândido ninho
Teus
amores – a flor do caminho
Que
eu apanho viajante do amor
Quer
os cardos me firam as plantas
Quer
os ventos me açoitem a fronte
Dou-lhe
orvalho – do pranto na fonte
Dou-lhe
o sol – do meu peito no ardor.
Oh!
Se Deus algum dia, orgulhoso
O
seu livro infinito volvesse
E
nas letras de estrelas relesse
Seu
passado nas folhas azuis,
Não
teria o orgulho que tenho
Quando
o abismo dest’alma sondando
No
infinito de amor me abismando
Eu
me engolfo num pego de luz.
Teu
amor... teu amor me engrandece
Dá-me
forças nos transes da vida
E
a borrasca fatal, insofrida
Faz-me
dó, faz-me rir de desdém
Se
eu cair – rolarei no teu seio
Se
eu sofrer – ouvirei o teu canto
Sentirei
nos meus dias de pranto
Que
inda longe de mim – vela alguém...
Meu
amor... meu amor é um delírio
É
a volúpia, que abrasa e consome
Meu
amor é uma mescla sem nome
És
um anjo, e minh’alma – um altar
Oh
meu Deus! Manda ao tempo, que fuja
Que
deslizem em fio os instantes
E
o ponteiro, que passa os quadrantes
Marque
a hora em que a possa beijar...
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